- Mas, você me fez sofrer, Sammy. – Seus olhos pareciam se dissolver com as lagrimas, mas ele ainda sim segurava o choro para se manter orgulhoso. Eu, no entanto não segurava nem escondia nada, estava aos prantos, tremendo, sufocada, ao ponto de cair dura no chão e perder todos os meus sonhos com a morte. Mas me segurava firme e forte em pé para ver até onde essa dolorosa conversa iria nos levar.
- Eu sei. Eu me odeio por isso. – Retruquei com raiva, de mim. Ele não me encarava, continuava judiado, encostado na parede com cabeça baixa. Eu estava a dois passos dele, mas eu acho que ele não notara isso ainda.
- Não precisa se odiar, ta legal? É normal, a culpa foi minha por amar demais alguém. – Eu o fitei. Querendo dizer pra ele tudo que sinto, tudo que está travado na minha garganta. Eu quero dizer o quanto eu o amo, o quanto preciso dele, o quanto preciso do seu sorriso, das suas mãos na minha... Mas não dá. O orgulho não vai deixar. Nunca.
- Tá. – Foi o que eu consegui falar. Ele me fitou. Contorci os lábios em um movimento brusco. Suspirei fundo, o olhei nos olhos e então soltei:
- Me fala. Agora. O que sente por mim? Amor? Amizade? Raiva? Nada? Seja sincero, vamos. – Tremi ao sentir as lágrimas chegando, silenciosas e rápidas, como cobras a dar bote. Ele demorou a responder, e tentou mudar de assunto:
- Por que eu sentiria raiva de você, Sammy? – Nervosismo era algo percebível a kilometros naquelas palavras.
- Ah, vamos, Matt. Não tente mudar de assunto. – Eu o fitei. – Não vou me magoar com nenhuma resposta, acredite. – Mentira, mentira, mentira. Eu provavelmente ia derramar um mar de lágrimas sim. Ele suspirou e disse:
- Eu te vejo agora como uma amiga. Uma grande amiga. – Abriu um sorriso triste de lado, me olhou e depois em seqüência abaixou a cabeça mais uma vez. Meus olhos ardiam com as lágrimas, mas eu não demonstrava estar triste. Limpei meus olhos. Sorri. E larguei um mentiroso:
-‘’Ah... Claro. Tudo bem’’. – Nós sorrimos falsamente juntos. Abaixei minha cabeça deixando as madeixas soltas do cabelo dançarem sobre meu rosto todo com ajuda do vento. Passei mais uma vez a mão nos meus olhos para conferir se nenhuma intrusa lágrima havia ali. Percebi que os olhos dele não me deixavam, mas ignorei totalmente dando de ombros, virando e indo embora em passos curtos sem dizer mais nada.
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